Diabetes Tipo 1
São pacientes com diabetes do tipo 1 (DM1) indivíduos que apresentam deficiência absoluta de insulina no corpo. O fato ocorre como forma de autoimunidade, porque o organismo identifica o hormônio insulina produzido pelo pâncreas – controlador do nível de glicose no sangue – como corpo estranho e destrói as células beta produtoras do hormônio. Acontece principalmente na infância e na adolescência, embora possa ocorrer em adultos que estejam vivenciando situação de estresse importante. Pertencem a esse grupo de 5% a 15% dos diabéticos, frequentemente indivíduos com história de diabetes na família.
A razão para o desenvolvimento do DM1 não se acha totalmente esclarecida. Existem algumas teorias que procuram explicar a sua existência. Acredita-se que o diabetes possa ser resultante de lesão infecciosa, tóxica ou inflamatória. Grandes quantidades de anticorpos circulantes contra as células produtoras do hormônio insulina foram encontradas em indivíduos com DM1. Esses autoanticorpos podem atacar as próprias células que produzem insulina.
Os sintomas ocorrem de forma abrupta. Devido à hiperglicemia (alta taxa de glicose no sangue), pessoas com diabetes do tipo 1 costumam apresentar perda de peso, fraqueza, visão embaçada, má cicatrização, alterações no humor, náusea, vômitos, sede e fome constantes, além de vontade de urinar com frequência. O tratamento de diabetes do tipo 1 é feito por meio do uso de insulina. São necessárias injeções diárias do hormônio para que a glicose seja regularizada no metabolismo e, em geral, os pacientes se adaptam bem a essa condição. A insulina permite que a glicose chegue às células, onde é transformada em energia ou armazenada para o uso quando necessário.
Evitar hábitos prejudiciais como o consumo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo são também formas de tratamento da doença. Somado a isso, regularizar o estado nutricional é importante, sendo que a dieta deve ser adaptada caso a caso. Alimentos que contenham açúcar devem ser evitados.
A consciência e a educação sobre o diabetes, assim como o envolvimento e o suporte da família são essenciais no tratamento.
Diabetes Tipo 2
O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) representa de 85% a 95% dos casos de diabetes. Costuma aparecer no indivíduo após os 45 anos de idade e na maioria dos casos está associado ao estilo de vida, tendo o excesso de peso (principalmente do tipo central ou andróide) e o sedentarismo como fatores desencadeantes.
Estima-se que de 80% a 90% das pessoas com DM2 sejam obesas. Vale lembrar que os antecedentes na história familiar podem estar relacionados ao surgimento do diabetes.
O DM2 tem uma evolução mais lenta, progride muitas vezes de forma assintomática até ser diagnosticada. Os pacientes nesse caso apresentam resistência ou liberação progressivamente diminuída da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas para controlar o nível de glicose no sangue (glicemia). Por essa razão, as células do corpo ficam incapazes de absorver a glicose para transformar em energia.
Os principais sintomas são: formigamento, aparecimento de furúnculos, alteração na visão sentindo-a embaçada, infecções frequentes e dificuldade de cicatrização de feridas. Também a ingestão de água e diurese excessivas, além de fraqueza, sugerem a enfermidade.
Estilo de vida saudável está associado tanto à prevenção quanto ao tratamento do DM2. A redução do peso, a reeducação alimentar e a prática do exercício físico são importantes, uma vez que o aumento do tecido de gordura no corpo, principalmente no abdômen, leva à produção exagerada de substâncias que impedem que a ação da insulina seja efetiva.
Exercitar-se ajuda na redução de peso, na diminuição da resistência à ação da insulina e favorece o controle glicêmico e lipídico, além de proporcionar a prazerosa sensação de bem-estar. Recomenda-se exercícios aeróbicos pelo menos três vezes por semana, de 20 a 45 minutos.
Evitar o fumo, cuidar da higiene, usar sapatos adequados, tratar com atenção as lesões da pele, além de estar sempre com os exames em dia, são fatores importantes. No tratamento, os antidiabéticos orais são utilizados, mas o emprego da insulina pode também ser necessário – em geral, após 10 a 15 anos da doença, aproximadamente 60% dos diabéticos precisam do hormônio. A monitoração pode ser feita em casa, antes e após as refeições, ao deitar e às três horas da manhã, até que a dose seja acertada.
Convém enfatizar que adequar hábitos diários a uma vida mais saudável é fundamental para a terapêutica. É muito importante empenho e determinação para que as mudanças de comportamento não se percam ao longo dos anos.
Diabetes Gestacional
Duas situações podem envolver o diabetes durante a gravidez: a mulher que já tinha diabetes e engravida ou aquela que desenvolve depois de ficar grávida. No segundo caso, chamado de Diabetes Gestacional, a patologia é detectada pela primeira vez durante o período da gravidez e pode persistir ou desaparecer após o parto. O diabetes se desenvolve porque a futura mãe produz insulina insuficiente em relação a suas necessidades.
A preocupação se o diabetes pode trazer problemas para o bebê é comum em ambas as situações, mas isso não significa necessariamente problemas. É importante que o acompanhamento médico seja feito desde o momento em que a mulher decide ter o bebê ou se descobre grávida, porque o controle da glicemia durante a gravidez diminui a probabilidade de o filho ter diabetes.
Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes gestacional, entre eles podemos citar: obesidade ou ganho de peso em excesso durante a gestação; existência de parentes próximos com a doença; presença de glicose na urina; ter tido diabetes em outras gestações; ter pressão alta e estar com mais de 30 anos.
Se o diabetes gestacional for diagnosticado, para evitar complicações é recomendado que a futura mãe tenha durante toda a gravidez o acompanhamento de nutricionista e enfermeira, além do endocrinologista e do obstetra. Essa equipe de especialistas ajudará a evitar que a glicemia em nível alto gere consequências para mãe e filho, como infecção urinária com maior frequência durante a gravidez; macrossomia fetal, que é o crescimento excessivo do feto, chegando a pesar mais de 4 quilos ao nascer; a criança apresentar baixa de açúcar no sangue ao nascer (hipoglicemia); a possível má formação do feto, entre outros fatores.
Uma dica para ajudar a futura mãe a se sentir mais confortável com a gravidez e evitar sobressaltos é manter-se informada. Ter conhecimento de que, por exemplo, é normal e comum o bebê da mãe com diabetes permanecer em um berçário de alto risco após o parto para evitar a hipoglicemia, poupa sustos.
Pré-Diabetes
Quando um indivíduo tem elevada concentração de açúcar no sangue, superior ou igual a 126 mg/dl, em jejum, ou acima de 200 mg/dl após o teste da Curva Glicêmica, ele é diagnosticado como portador de diabetes. Próximo a esses valores, o indivíduo pode encontrar-se na fase intermediária entre ter diabetes e ser saudável, porque seu nível de glicemia está mais elevado que o ideal, mas não chega nos níveis compatíveis com diabetes. Esse estado é chamado de pré-diabetes.
É importante reconhecer essa etapa e adotar todas as medidas para evitar ou atrasar o surgimento da doença. Os sintomas ainda não estão totalmente claros no pré-diabetes e a taxa de glicose no sangue apresenta variações irregulares. O diagnóstico é feito medindo o nível de glicose no sangue. Se a pessoa apresentar, após jejum de oito horas, taxa de glicemia entre 100 e 125 mg/dl, ela deve fazer um novo teste, chamado Teste Oral de Tolerância à Glicose (ou Curva Glicêmica). Ele é feito ingerindo glicose via oral e a coleta do sangue é realizada após 120 minutos. Se a glicemia encontrar-se entre 140 e 199 mg/dl, o indivíduo está diagnosticado com pré-diabetes. Podemos também fazer o diagnóstico de pré diabetes , também, quando a hemoglobina glicada encontra-se entre 5,7% e 6,4%.
Estar acima do peso é um alerta para que os exames sejam feitos e estejam em dia, uma vez que cerca de 80% a 90% das pessoas com diabetes do tipo 2 são obesas. A presença de excesso de gordura abdominal (região central) também pode ser um fator de risco.
Como o pré-diabetes não apresenta sintomas iminentes, é importante que indivíduos com colesterol elevado ou hipertensão arterial também estejam alertas e adotem medidas para evitar o aparecimento ou progresso do pré-diabetes.
Mudar o estilo de vida adotando a prática de exercícios físicos e dieta equilibrada é uma das medidas para evitar a doença. Uma alimentação rica em fibras, legumes, verduras e frutas, além de carne magra e pouca gordura saturada, é importante para evitar o diabetes e o pré-diabetes.
FONTE
Pré-Diabetes é uma fase silenciosa e sem sintomas. ADJ Diabetes Brasil.
Disponível em: http://www.adj.org.br/site/noticias_read.asp?id=1059&tipo=6
Acesso em: 27 ago 2011.
Lerario, Antônio Carlos. Revista Brasileira de Medicina (RBM). Diabetes Mellitus.
Disponível em: http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=3184
Acesso em: 27 ago 2011.
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Tipos de Diabetes.
Disponível em: http://www.diabetes.org.br/para-o-publico/tudo-sobre-diabetes/tipos-de-diabetes
Acesso em: 24 ago 2011
Associação Nacional de Assistência ao Diabético. Diabetes Gestacional.
Disponível em: http://www.anad.org.br/institucional/Diabetes_Gestacional.asp
Acesso em: 24 ago 2011
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diabetes e Gravidez.
Disponível em: http://www.diabetes.org.br/mais-informacoes/410-diabetes-e-gravidez
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Acesso em: 24 ago 2011
Dra. Daniela Fernandes
Endocrinologia e Metabologia
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